Locais Druídicos
Avançar nos caminhos da espiritualidade céltica é ir ao encontro dos "espíritos puros" da natureza, locais de poder de onde recebermos a inspiração divina - a Awen galesa ou a Imbas irlandesa. Embora a expressão "ir ao encontro" não seja exata, pois na realidade o espírito está presente em tudo e irradia sob todas as coisas, mas a empregamos para indicar o movimento interior, a ação individual daquele que busca e deseja encontrar a divindade. Para os druidas há um mundo profano que permeia o mundo divino, que caminham juntos e não separados. E o que realmente importa aos druidas modernos é saber onde se encontra o ponto de contato entre estes dois mundos. O sinal está ao se observar a passagem entre o divino e o mundo natural.
As iniciações druídicas são ligações entre o Mundo Celeste, o Cosmos e o Mundo Material, por assim dizer. O Reino Invisível não está fechado aos humanos, mas por outro lado, devemos encontrar a chave a seguir, além de sermos capazes de abrir o Portal. Uma "iniciação" torna-se um ponto de partida para um caminho mais luminoso, mais puro, mais perto do mundo divino, pois o iniciado caminha na infinitude. Voltar-se para a luz do saber é tornar o caminho divino.
Escreveu Plínio, o Antigo: "Os druidas pensam que tudo o que nasce sobre um carvalho é enviado do céu, sendo um sinal de escolha da árvore pelos Deuses em pessoa. O visco é raro de se encontrar e, quando se acha, colhe-o numa grande cerimônia".
Assim como o visco, aquele que cresce sobre o carvalho, a árvore cósmica, assinala uma referida passagem ao Outro Mundo. Em verdade, o visco não é mais sagrado que a árvore. Somos nós, pelos nossos pensamentos, conduta e postura perante a vida, ações e ideias que tornamos este processo de observação sagrado. E, mais ainda, pois sabemos que é o lugar de características especiais, que torna tudo muito mais sublime. Os montes, as rochas, os lagos, as fontes e os rios, também são lugares sagrados. Eles não são apenas sagrados, mas o são porque tornaram-se testemunhos de uma passagem entre dois mundos.
Em determinados lugares do solo existem profundas falhas geográficas e geológicas, chamadas de correntes telúricas, que irradiam forças formidáveis de energia e que entram em contato com as forças cósmicas. Uma vez que estabeleçamos um estado de harmonia com elas, cria-se um estado de equilíbrio em nosso interior. Esta troca é eficaz para aqueles que ali estiverem presentes e para que as celebrações sejam comemoradas nas gerações futuras.
O espírito druídico tem por tarefa mostrar o caminho do aprendizado e, por conseguinte, a entronização a todos aqueles que desejam no fundo de seus corações acessar essa sabedoria. Entretanto, nenhum ritual pode ser dado a um ser humano se este não estiver em harmonia e desprovido de egoísmo. Receber um reconhecimento é ser levado a um nível de vida mais responsável, mais intenso e consciente.
A preparação é pessoal e individual, ninguém poderá fazê-lo pelo outro. A ajuda e os conselhos daqueles que nos antecederam, em muito nós auxiliará nesta nobre jornada. Se bem que os antigos ensinamentos dos homens do carvalho, dos sacerdotes da natureza eram basicamente orais, entretanto, eles não proibiram a perpetuação sob uma forma material. Por exemplo, deixaram implantados no solo gigantescos blocos de granito, as construções megalíticas, utilizados como captores de correntes na malha das ondas telúricas, que sulcam o planeta, tal como o sistema nervoso, uma rede de comunicações do organismo.
"Embora no Brasil os casos de construções megalíticas sejam raros, acentuamos que as correntes telúricas estão por toda parte. Infelizmente, não temos mais a flexibilidade de antigamente, quanto a terras disponíveis, para se achar os pontos de maior ou menor intensidade." Porém, podemos obter conhecimento ao estudarmos próximo aos lugares consagrados, um legado empírico deixado em pedra.
O Bosque Sagrado
Os druidas oficiavam seus cultos no Nemeton, que em proto-céltico e gaulês significa local sagrado de culto. Em irlandês é "Fidnemed", correspondente para santuário ou bosque sagrado. A floresta era considerada o templo dos druidas - os círculos de pedras clareiras e os bosques sagrados com suas árvores centrais.
Portanto, toda floresta é um princípio consagrado, pois como o bosque é o suporte indispensável ao "conhecimento" do sagrado e do divino, existindo um liame muito sutil entre a árvore e o conhecimento. O Nemeton também pode ser o seu local de culto.
Árvores isoladas, matas e bosques eram veneráveis para os celtas e a árvore em si, digna de culto. A iconografia romana enfatiza a importância das árvores na expressão de culto, sendo os santuários, dispostos em altares ao ar livre e decorados com o símbolo de uma grande "árvore do mundo".
"Como a árvore do mundo, o eixo central da vida, que das profundezas às alturas conecta a terra aos céus e nos une neste bosque sagrado, onde todos os tempos e lugares se encontram!" Livro Brumas do Tempo - Poesia, pensamentos e ritos druídicos.
Doutrina Religiosa e Relatos Romanos
Os relatos nos textos de Júlio César são tentadores, mas nem ele e nem qualquer outro escritor nos deixaram nada além de informações superficiais sobre o que os druidas acreditavam ou falavam sobre o mundo divino. Ele listou muitos tópicos nos quais diz que os druidas mantinham longas discussões ou instruíam pupilos com poderes e esferas de ação dos Deuses imortais. Atesta que os druidas professavam saber a vontade divina e muitos autores relatam que, os druidas tinham poderes divinatórios e prognósticos.
Diodorus reforça que eles falavam a "língua dos Deuses" e suas meditações com o mundo sobrenatural eram em busca de bênçãos para seus devotos. Lucan comenta quase exatamente a mesma coisa, dizendo que os druidas tinham a sabedoria das suas divindades.
Um detalhe específico sobre a doutrina ensinada é mencionado por César e refere-se ao culto ancestral: "Os gauleses acreditavam serem descendentes de uma divindade do submundo, semelhante ao deus romano Dis Pater". Os reltatos também falam da transmissão do conhecimento oral, do ensinamento dos filhos de nobres, distinguindo-os em categorias de bardos, vates e druidas.
Tácito chega a falar de uma escola druídica em Burgundy (região da Borgonha, França), onde eles atuavam como historiadores, que pesquisavam o mundo natural, eram filósofos, cientistas, faziam reunião em bosques e sítios, todas essas informações nos dão um esboço geral e externo da casta druídica. César chega a dizer que os druidas usavam o alfabeto grego para seus relatos públicos, consideravam impróprio escrever sobre seus estudos, mas tudo que foi relatado não basta para reconstruirmos a sua doutrina religiosa. Importante reflexão!
Fonte bibliográfica:
The World of The Druids - Miranda J. Green
Ed. Thames Hudson 1997.
A Primeira Arquitetura
Quando as geleiras derreteram, o clima se tornou mais temperado e o período Paleolítico foi substituído pela era Neolítica (que quer dizer pedra nova), os primeiros seres humanos saíram das cavernas e se tornaram agricultores ou criadores de gado. Quando o seu estoque de víveres estava garantido, começaram a fazer as primeiras “esculturas” monumentais.
Há 5000 a.C., surgiu uma colossal arquitetura de enormes pedras erguidas em três formas básicas: o Dólmen, que consiste em enormes pedras verticais cobertas por uma laje, parecendo uma mesa gigantesca; o Menir, que é uma única pedra vertical (o maior tem 54 metros de altura e pesa 350 toneladas); e o Cromeleque, arranjo circular de pedras ou menires.
Os megalíticos tumulares coletivos que chamamos de dólmens são monumentos antigos conhecidos por muitos nomes: Sepulturas de Gigantes, Antas e Mesas de Pedra. Considerados como um portal para o Outro Mundo, o túmulo de deuses, heróis e grandes guerreiros.
Stonehenge: Agrupamento de pedras na Inglaterra
Na idade Média, acreditava-se que esse misterioso arranjo de pedras era criação de uma antiga raça de gigantes ou de uma feitiçaria que as teria trazido da Irlanda. Na verdade, parecia ser um calendário astronômico muito preciso e supostamente um local para cerimônias.
Em Stonehenge o anel externo consiste em trilhos, em forma da letra grega Pi (II), como gigantescos portais de granito. Segue-se um anel de pedras verticais menores, como lápides de cemitério e um anel interno, em forma de ferradura, de trilhos cuidadosamente lascados, de cerca de quatro metros de comprimento. Isolada desses círculos concêntricos, há uma pedra marcando onde o sol se levanta no solstício de verão.
Stonehenge é monumento megalítico da Idade do Bronze, localiza-se na planície de Salisbury, próximo a Amesbury no condado de Wiltshire, no Sul da Inglaterra. O sítio arqueológico foi tombado como patrimônio da humanidade pela Unesco em 1986. Vale ressaltar que Stonehenge, os Druidas e os Celtas foram associados entre si erroneamente e esse enigma se reflete até os dias atuais. Apesar de seu acesso ser restrito e ter sido reconstruído, Stonehenge ainda é considerado um local sagrado e de grande conexão aos Deuses e que atrai cerca de 700 mil visitantes por ano. Que assim seja!
Fonte bibliográfica:
Arte Comentada - da Pré-História ao Pós-Moderno
Carol Strickland, Ph.D.
Rowena A. Senėwėen ®
Todos os direitos reservados.
(Texto atualizado em 10/06/2022)
"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.
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