Símbolos Celtas - 3ª parte
Publicado por Rowena em 19/11/2010 (18734 leituras)
Os sÃmbolos sempre exerceram um enorme fascÃnio sob o nosso subconsciente, revelando mistérios guardados na alma e no coração, por vezes, adormecidos pelas brumas do tempo e que nem sempre conseguimos explicar com simples palavras.
A maioria dos sÃmbolos indo-europeus como a roda, as espirais e suas variantes, conhecidas como os nomes de triskelion, triskle, triskele, trÃscele ou threefold, reconhecidamente, são representações solares que aparecem em muitas culturas antigas, esculpidas em rochas ou metais.
"O Sol foi representado pelo sÃmbolo da roda. A força solar se manifesta como uma divindade antropomórfica que, no entanto, manteve o seu motivo da roda original para representar o Sol se movendo pelo céu. O espÃrito do Sol capaz de criar e destruir a vida." Referência do livro Animals in Celtic Life and Myth da Dra. Miranda Jane Aldhouse Green.
Alguns desses sÃmbolos remontam há mais de 3000 a.C. e podem ser visto em monumentos pré-históricos e em sÃtios arqueológicos como em Newgrange, no Condado de Meath na Irlanda.
A Cruz Solar
A cruz solar ou a roda solar dentro de um cÃrculo foi considerada como um sÃmbolo sagrado que representava o Sol desde os tempos pré-cristãos. Os antigos viam o tempo como a roda, um cÃrculo sem começo e nem fim.
O cÃrculo e a cruz são sÃmbolos universais de antigas culturas do mundo. Para os celtas o cÃrculo significa o infinito e a roda solar, ao se estender para os lados, simboliza os Quatro Grandes Festivais: Samhain, Imbolc, Beltane e Lughnasadh.

No folclore irlandês a Cruz Solar é associada à Brighid, conhecida também como "Cruz de Brighid". Na Irlanda é comum confeccioná-la em palha de trigo ou junco. Este antigo costume é derivado de uma cerimônia pré-cristã, relacionada com a preparação das sementes na primavera.
A cruz e outros sÃmbolos indo-europeus, assim como os "nós celtas" (entrelaçamentos), podem ser encontrados em peças de uso pessoal e até mesmo em armas de guerra, possivelmente com o propósito de se obter boa sorte, proteção e vitória.
Conforme os mitos, os celtas acreditavam que o centro da roda era o local onde o céu e a terra se encontram, ou seja, o lugar onde a alma alcançaria a iluminação... A eterna conexão entre os mundos!
"Imagens dos deuses na Gália podem ser classificadas por meio de seus sÃmbolos, o malho (martelo de forja de cabo longo com cabeça de metal para bater no ferro) e a taça (sÃmbolo da fartura), o martelo, a roda, a cornucópia e o torque usado por Cernunnos. Outros sÃmbolos ocorrem em imagens, altares, monumentos e moedas, mas sem qualquer texto antigo para interpretar esses diferentes sÃmbolos, todas as explicações são possÃveis conjecturas." A Religião dos Antigos Celtas - J.A. Macculloch.
Animais Sagrados Celtas
A cada conto, mito ou lenda, descobrirmos como a simbologia animal é muito forte entre os povos celtas. Os animais representam partes inconscientes de um poder mágico que nos revela qualidades sobrenaturais, possibilitando a comunicação entre os mundos. Os celtas, como animistas, acreditavam que todos os aspectos do mundo natural eram dotados de espÃritos e entidades divinas, com as quais todos os seres humanos poderiam estabelecer contato, até mesmo de forma totêmica.
No conto de "Culhwch e Olwen" há várias passagens que nos permitem observar como os animais mÃticos são consultados e, ao mesmo tempo, como eles carregam em si qualidades protetoras e amigáveis, atuando como emissários dos Deuses que, em certas ocasiões, podem se transformar em animais.
Os cães, por exemplo, citados no conto de "OisÃn e Niamh", geralmente, estão associados à proteção, à caça e à s provas sobrenaturais. OisÃn relata o seu espanto ao perceber que os animais do Outro Mundo se aproximavam dele com naturalidade, demonstrando a estreita relação entre os animais, os homens e os Deuses. O cão também é associado à CuChulainn.
A integração entre os mundos está presente na figura do cavalo branco que simboliza o transporte para Tir na nÓg. Os cavalos têm um valor inestimável para os celtas, seja na guerra ou como um meio de locomoção para o Outro Mundo.
Tanto os animais domésticos como os selvagens, estão ligados à fertilidade, à vitalidade, à força, ao movimento e ao crescimento, fornecendo condições necessárias à subsistência de toda a tribo através da sua carne, peles e ossos. Representam uma forte conexão entre a terra e os céus, ligados a vários Deuses, promovendo a busca de segredos e de sabedoria ancestral. Cada animal possui um atributo especÃfico; suas caracterÃsticas são associadas a algum tipo de habilidade e dignos de veneração através de um ritual ou uma cerimônia religiosa.
As aves estão sob os domÃnios do céu e são percebidas como um elo entre os vivos e os espÃritos ancestrais. Elas podem tanto ser o mensageiro como a própria mensagem, carregando em si um teor mágico, profético ou divinatório.
O javali e os porcos representam coragem, bravura, proteção e riqueza.
Os peixes, especialmente o salmão, estão associados à sabedoria e ao conhecimento. Diz a lenda que o salmão adquiriu esse conhecimento ao comer nove avelãs que caÃram no poço da sabedoria de nove árvores, que ficavam ao redor da fonte sagrada e a primeira pessoa que comesse sua carne fresca, ganharia todo esse conhecimento. Foi assim que Fionn Mac Cumhaill, pai de OisÃn, recebeu seu conhecimento, após comer o Salmão do Conhecimento, nos contos do Ciclo Feniano.
O veado é um animal reverenciado e perseguido ao mesmo tempo, considerado como emissário divino ou como Deuses transformados em animais, a exemplo de Cernunnos, o Senhor dos animais, da natureza e da abundância, retratado no Caldeirão de Gundestrup, antigo artefato de prata, ricamente decorado em alto relevo, em estilo celta e trácio encontrado na penÃnsula dinamarquesa.

O Caldeirão de Gundestrup, datado do século 1 a.C., pertence ao final do perÃodo de La Tène. Ele foi encontrado em 1891 em um pântano perto da aldeia de Gundestrup, na Jutlândia – Dinamarca, e está alojado no Museu Nacional de Copenhague.
Além da arte, há uma infinidade de sÃmbolos e animais descritos nos contos e nos mitos celtas que nos levam a uma profunda ligação com a natureza, descritos empiricamente na sua iconografia, que reforçam o respeito entre o mundo natural e o sobrenatural, bem como a conscientização da sua sacralidade mitológica.
Awen /|\
Referências bibliográficas:
BELLINGHAM, David. Introdução à Mitologia Céltica. Lisboa: Ed. Estampa, 1999.
GREEN, Miranda Jane Aldhouse. Celtic Myths. London: University of Texas Press, 1995.
___________. Exploring the World of the Druids. London: Thames and Hudson, 1997.
MARKALE, Jean. A Grande Epopéia dos Celtas. SP: Ed. Ésquilo, 1994.
MACCULLOCH, John Arnott. The Religion of the Ancient Celts. Edinburgh: T. & T. CLARK, 1911.
MAY, Pedro Pablo. Os Mitos Celtas. São Paulo: Ed. Angra, 2002.
PLACE, Robin. Os Celtas. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1989.
Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo.
Website:
www.templodeavalon.com
Brumas do Tempo:
www.brumasdotempo.blogspot.com
Três Reinos Celtas:
www.tresreinosceltas.blogspot.com
A maioria dos sÃmbolos indo-europeus como a roda, as espirais e suas variantes, conhecidas como os nomes de triskelion, triskle, triskele, trÃscele ou threefold, reconhecidamente, são representações solares que aparecem em muitas culturas antigas, esculpidas em rochas ou metais.
"O Sol foi representado pelo sÃmbolo da roda. A força solar se manifesta como uma divindade antropomórfica que, no entanto, manteve o seu motivo da roda original para representar o Sol se movendo pelo céu. O espÃrito do Sol capaz de criar e destruir a vida." Referência do livro Animals in Celtic Life and Myth da Dra. Miranda Jane Aldhouse Green.
Alguns desses sÃmbolos remontam há mais de 3000 a.C. e podem ser visto em monumentos pré-históricos e em sÃtios arqueológicos como em Newgrange, no Condado de Meath na Irlanda.
A Cruz Solar
A cruz solar ou a roda solar dentro de um cÃrculo foi considerada como um sÃmbolo sagrado que representava o Sol desde os tempos pré-cristãos. Os antigos viam o tempo como a roda, um cÃrculo sem começo e nem fim.
O cÃrculo e a cruz são sÃmbolos universais de antigas culturas do mundo. Para os celtas o cÃrculo significa o infinito e a roda solar, ao se estender para os lados, simboliza os Quatro Grandes Festivais: Samhain, Imbolc, Beltane e Lughnasadh.

No folclore irlandês a Cruz Solar é associada à Brighid, conhecida também como "Cruz de Brighid". Na Irlanda é comum confeccioná-la em palha de trigo ou junco. Este antigo costume é derivado de uma cerimônia pré-cristã, relacionada com a preparação das sementes na primavera.
A cruz e outros sÃmbolos indo-europeus, assim como os "nós celtas" (entrelaçamentos), podem ser encontrados em peças de uso pessoal e até mesmo em armas de guerra, possivelmente com o propósito de se obter boa sorte, proteção e vitória.
Conforme os mitos, os celtas acreditavam que o centro da roda era o local onde o céu e a terra se encontram, ou seja, o lugar onde a alma alcançaria a iluminação... A eterna conexão entre os mundos!
"Imagens dos deuses na Gália podem ser classificadas por meio de seus sÃmbolos, o malho (martelo de forja de cabo longo com cabeça de metal para bater no ferro) e a taça (sÃmbolo da fartura), o martelo, a roda, a cornucópia e o torque usado por Cernunnos. Outros sÃmbolos ocorrem em imagens, altares, monumentos e moedas, mas sem qualquer texto antigo para interpretar esses diferentes sÃmbolos, todas as explicações são possÃveis conjecturas." A Religião dos Antigos Celtas - J.A. Macculloch.
Animais Sagrados Celtas
A cada conto, mito ou lenda, descobrirmos como a simbologia animal é muito forte entre os povos celtas. Os animais representam partes inconscientes de um poder mágico que nos revela qualidades sobrenaturais, possibilitando a comunicação entre os mundos. Os celtas, como animistas, acreditavam que todos os aspectos do mundo natural eram dotados de espÃritos e entidades divinas, com as quais todos os seres humanos poderiam estabelecer contato, até mesmo de forma totêmica.
No conto de "Culhwch e Olwen" há várias passagens que nos permitem observar como os animais mÃticos são consultados e, ao mesmo tempo, como eles carregam em si qualidades protetoras e amigáveis, atuando como emissários dos Deuses que, em certas ocasiões, podem se transformar em animais.
Os cães, por exemplo, citados no conto de "OisÃn e Niamh", geralmente, estão associados à proteção, à caça e à s provas sobrenaturais. OisÃn relata o seu espanto ao perceber que os animais do Outro Mundo se aproximavam dele com naturalidade, demonstrando a estreita relação entre os animais, os homens e os Deuses. O cão também é associado à CuChulainn.
A integração entre os mundos está presente na figura do cavalo branco que simboliza o transporte para Tir na nÓg. Os cavalos têm um valor inestimável para os celtas, seja na guerra ou como um meio de locomoção para o Outro Mundo.
Tanto os animais domésticos como os selvagens, estão ligados à fertilidade, à vitalidade, à força, ao movimento e ao crescimento, fornecendo condições necessárias à subsistência de toda a tribo através da sua carne, peles e ossos. Representam uma forte conexão entre a terra e os céus, ligados a vários Deuses, promovendo a busca de segredos e de sabedoria ancestral. Cada animal possui um atributo especÃfico; suas caracterÃsticas são associadas a algum tipo de habilidade e dignos de veneração através de um ritual ou uma cerimônia religiosa.
As aves estão sob os domÃnios do céu e são percebidas como um elo entre os vivos e os espÃritos ancestrais. Elas podem tanto ser o mensageiro como a própria mensagem, carregando em si um teor mágico, profético ou divinatório.
O javali e os porcos representam coragem, bravura, proteção e riqueza.
Os peixes, especialmente o salmão, estão associados à sabedoria e ao conhecimento. Diz a lenda que o salmão adquiriu esse conhecimento ao comer nove avelãs que caÃram no poço da sabedoria de nove árvores, que ficavam ao redor da fonte sagrada e a primeira pessoa que comesse sua carne fresca, ganharia todo esse conhecimento. Foi assim que Fionn Mac Cumhaill, pai de OisÃn, recebeu seu conhecimento, após comer o Salmão do Conhecimento, nos contos do Ciclo Feniano.
O veado é um animal reverenciado e perseguido ao mesmo tempo, considerado como emissário divino ou como Deuses transformados em animais, a exemplo de Cernunnos, o Senhor dos animais, da natureza e da abundância, retratado no Caldeirão de Gundestrup, antigo artefato de prata, ricamente decorado em alto relevo, em estilo celta e trácio encontrado na penÃnsula dinamarquesa.

O Caldeirão de Gundestrup, datado do século 1 a.C., pertence ao final do perÃodo de La Tène. Ele foi encontrado em 1891 em um pântano perto da aldeia de Gundestrup, na Jutlândia – Dinamarca, e está alojado no Museu Nacional de Copenhague.
Além da arte, há uma infinidade de sÃmbolos e animais descritos nos contos e nos mitos celtas que nos levam a uma profunda ligação com a natureza, descritos empiricamente na sua iconografia, que reforçam o respeito entre o mundo natural e o sobrenatural, bem como a conscientização da sua sacralidade mitológica.
Awen /|\
Referências bibliográficas:
BELLINGHAM, David. Introdução à Mitologia Céltica. Lisboa: Ed. Estampa, 1999.
GREEN, Miranda Jane Aldhouse. Celtic Myths. London: University of Texas Press, 1995.
___________. Exploring the World of the Druids. London: Thames and Hudson, 1997.
MARKALE, Jean. A Grande Epopéia dos Celtas. SP: Ed. Ésquilo, 1994.
MACCULLOCH, John Arnott. The Religion of the Ancient Celts. Edinburgh: T. & T. CLARK, 1911.
MAY, Pedro Pablo. Os Mitos Celtas. São Paulo: Ed. Angra, 2002.
PLACE, Robin. Os Celtas. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1989.
Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo.

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"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
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