Estudos do Ogham - Introdução

Publicado por Rowena em 23/10/2012 (20625 leituras)

Ogham é um sistema de escrita céltico utilizado por sacerdotes druídicos, encontrado na Irlanda, Escócia, País de Gales e Cornualha (Inglaterra). Estudos medievais associaram cada símbolo a uma letra específica e a uma árvore ou arbusto, conhecido como Crann Ogham ou Ogham das Árvores.

"Árvores-espíritos são guias totêmicas que expressam qualidades e identidades a serem desenvolvidas." - Marcelo Cuchulainn.

No Trato do Ogham (pronúncia "Ouam") ou Ogam, do histórico ao divinatório, diz que sua autoria mítica é atribuída a Ogma, o Deus da Eloquência. Ele é descrito no Lebor Gabála Érenn (Livro das Consquistas) como um grande guerreiro e campeão das Tuatha Dé Danann, possivelmente, designado como psicopompo. Em outras versões dos mitos irlandeses, ele aparece como irmão do Dagda e de Nuada. O correlato de Ogma é o gaulês Ogmios que, apesar da semelhança e da correspondência linguística, possuem conexões e características diferentes. Seus epítetos são "Face Sol" e "Homem Forte".

As quatro principais fontes de estudo do Ogham estão nos manuscritos medievais irlandeses: The Scholar's Primer ou o Auraicept na n-Éces (pronuncia: aurikepet na niches), o Lebor Ogaim, Bríatharogam e o Book of Ballymote. Além do estudo da botânica das árvores e arbustos, os mitos, o folclore e a gnose pessoal (intuição ou experiência meditativa) com o espírito de cada um desses seres.

O nome da letra oghâmica é "Fid" (singular) e "Feda" (plural), em irlandês antigo. No irlandês moderno são: "Fiodh" e "Feadha", traduzidas como "madeira" e "bosque".

Esculpido em pedra “droim”, as letras eram entalhadas em pedras eretas usando sua borda como linha central. Originalmente, continham apenas as quatro séries dividas em grupos ou famílias numa sequência de cinco letras, perfazendo-se assim um “Aicme”.

A quinta família chamada de "Forfeda" são ditongos acrescidos posteriormente e que não existiam na língua irlandesa. Utilizamos de forma oracular a Janela de Fionn (Fege Find) e as Feda, como as Chaves do Ogham, uma reconstrução contemporânea baseada nos estudos de Searles O'Dubhain, já que não existem registros de como eram interpretadas. Outros sistemas de Ogham foram criados por bardos para facilitar a memorização. Por exemplo, o primeiro Aicme e as letras: B, L, F/V, S, N, que estão na lista do Énogam (Ogham dos Pássaros) e são: Besan (faisão), Lachu (pato), Laelinn (gaivota), Seg (falcão) e Naesc (narceja) - os traços imitavam pés de aves. O Ogham também foi combinado com outros sinais e até cores, esses alfabetos são encontrados no Livro de Ballymote.

Arqueologia & Origem Mítica

Porém o Ogham não era um sistema único e as pedras sobreviventes mostram várias modificações, bem como o acréscimo de novos símbolos inseridos durante o Império Romano. A lei irlandesa primitiva indica que as pedras com Ogham, como em Dunloe, no Condado de Kerry, poderiam ter sido usadas para afirmar uma reivindicação legal de terra, enquanto outros escritos falam de heróis mortos há muito tempo, caídos em batalha e enterrados sob pedras com seu nome entalhado.

O arqueólogo R.A.S. Macalister argumentou que essa pedra em específico foi erguida na pré-história e que a inscrição teria sido feita, provavelmente, no século V após a invenção da escrita do Ogham, criado para representar a língua gaélica.

"No tempo de Bres, filho de Elatha rei da Irlanda, o Ogham foi inventado por Ogma, um homem bem qualificado no discurso e na poesia. Foi à partir das árvores da floresta, que os nomes foram dados às letras oghâmicas. As primeiras inscrições datam do século IV d.C. em torno do mar da Irlanda e a partir do século V e VI as pedras começaram a ser utilizadas com mais frequência. A sua invenção pode ter uma origem mais antiga, acredita-se que essas inscrições foram gravadas em madeira ou metal, sendo esses materiais perecíveis não sobreviveram até os tempos modernos." - Trato do Ogham (Lebor Ogaim).

Sabemos através dos relatos clássicos, da literatura galesa e do folclore irlandês que as árvores eram reverenciadas pelos druidas e altamente valorizadas pelos celtas em geral, como a veneração dos druidas gauleses ao Carvalho e os insulares à Aveleira.

Fazendo uma analogia, a linha central representa o tronco de uma árvore "flesc" e os traços ou riscos, os galhos. A escrita na horizontal é da esquerda para a direita e na vertical de baixo para cima (como se escalasse uma árvore); iniciados pelo símbolo "eite" (pena) e se necessário, terminados com "eite thuathail" (pena invertida). Geralmente, as letras são separadas por "spás" (espaço).

Estudo Moderno Oracular

Nos estudos do Ogham no Caer Siddi e no grupo Fidnemėd an Síd, encontraremos os antigos instrutores Sagragnos (Chefe) e Coslogenos (filho da Aveleira), inspirados nas gravações em pedra: SAGRAGNI MAQI CUNATAMI (Sagragnus, filho de Cunatamus). Com traduções e comentários do mentor Bellouesus Isarnos.

O Ogham Bríatharogaim são como uma alcunha ou metáforas das árvores e arbustos ao alfabeto oghâmico. O Bríatharogam Maic ind Óc é voltado ao aspecto espiritual; o Bríatharogam Con Culainn ao aspecto emocional/mental; o Bríatharogam Morainn mac Moín se refere ao aspecto material da vida, aos quais agregamos os Três Caldeirões.

Além disso, a sonoridade de cada Fid ao ser verbalizado, desperta a alma das árvores do Ogham. A prática da mantrificação é usada tanto na meditação do Caldeirão da Poesia, como em nas visualizações do Bosque Sagrado. Assista uma aula gratuita para saber mais a respeito, clicando aqui. Fáilte!
Referências em Inglês:

- As pedra da Irlanda: Ogham in 3D Project.
- Caminhos de Sabedoria: Fionn's Wheel - Summerlands.
- Crann Ogham: Tree Huggers - Raven e Kathryn.
- Dra. Catherine Swift: The Story of Ogham.
- Enciclopédia Online: Omniglot: Ogham.
- Epígrafes funerárias: Ogham Stones.
- Guia: Expanded Ogham Guide – Morgan Daimler.
- Introdução ao Forfeda: Extra Letters - Living Library.
- Livro: Ogam: Weaving Word Wisdom - Erynn Rowan Laurie
Referências em Português:

- As letras adicionais - Forfeda: O Quinto Aicme.
- Sobre sua origem mítica: Ogham - A Origem Mitológica.
- Um comparativo mitológico: Ogham e a Cosmologia Celta.
- Palavras-chaves: Símbolos das Fedha e Forfeda.

CURSO DE OGHAM: Alfabeto e Oráculo Irlandês

Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo.
(Texto atualizado em 24/05/2022)

Website:
www.templodeavalon.com
Brumas do Tempo:
www.brumasdotempo.blogspot.com
Três Reinos Celtas:
www.tresreinosceltas.blogspot.com

Navegue pelos artigos
1. Bétula (Beith/Birch = B) Próximo artigo
Direitos Autorais

A violação de direitos autorais é crime: Lei Federal n° 9.610, de 19.02.98. Todos os direitos reservados ao site Templo de Avalon e seus respectivos autores. Ao compartilhar um artigo, cite a fonte e o autor. Referências bibliográficas e endereços de sites consultados na pesquisa, clique aqui.

"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.