Busca pela folha que perdura |
Enviado em 29/12/2011 (1682 leituras) |
Decidi um dia entrar no bosque e caminhar. O chão estava repleto de folhas das mais diversas cores, formas e texturas. Todas eram de uma beleza exuberante. Todos tentavam, instigavam. Mas qual pegar para colocar no meu herbário? Estamos somente no início, no caminho. Precisa-se se concluir a jornada para saber o destino. Esse início é tão complicado. Olhando e entreolhando galhos, folhagens e terra, avistamos uma folha, ainda pouco decomposta, amarelada e linda como o dia ensolarado que um dia lhe cedeu a luz. Abrimos o nosso livro de ervas, e lhe colamos na primeira página. Por alguns instantes nos sentimos tão felizes, completos. Logo passa. É tão estranho e contraditório. Ora, afinal, não era para nós ficarmos plenos em autoconhecimento quando descobrimos a nossa raiz? Não seja truão, não temos nem raiz ainda. É preciso admitir. Há página e mais páginas do livro que ainda tem que se completar. O bosque ainda espera que seu solo virgem seja pisado por nossos pés para explorar o passado convertido em folhas velhas e secas. Quando descobrimos a folha acima de nós, começados a entender que um dia nossas mães árvores sacrificaram-se para nós, as semente, germinarem. Agora sim, a raiz começa a trincar a casca. A folha que um dia foi da mata antiga, agora serve de nutriente para a jovem muda. Continue andando pelo bosque, ele lhe pede. Não desista da busca, ela lhe levará a um destino maravilhoso. Há muitas folhas secas pelo chão e também há muito para nossa raiz interior quebrar a semente e fazer a mata sentir nossa presença. Está se sentindo incompleto? Acalme-se, o seu calhamaço ainda está mais incompleto que todos nós juntos. A vida não foi escrita, mas deve ser significada a cada dia, a cada passo novo pelo bosque, a cada folha nova recolhida, a cada vez que a raiz for aprofundando-se na terra e seu caule encorpar. Um dia seremos grandes árvores, deixaremos nossas folhas caírem para outras sementes, outros andarilhos e seus alfarrábios. Não nos preocupemos com o sentimento de ausência, ele passa logo que a próxima folha for recolhida. Caminhe, somente. Cante para espantar o cansaço. Busque incessantemente, até recomeçar tudo de novo. Alimente e liberte a sua essência, sem deixar de abandonar uma folha para trás. Será de grande valia para aqueles que virão a fazer a sua jornada depois de todos nós. Inspire-se e deixe-se inspirar. Inspire-os e deixe eles inspirarem. Inspiremos-nos todos nós e deixemos o mundo inspirar. Nunca deixe de buscar; Mesmo que a busca seja infinitamente insana, não esqueça que é ela que nos faz mover a nos mesmos. Quando menos esperar, o movimento se multiplicará, pois o vento vai soprar suas folhas e sementes. “Deixemos as sementes para germinar, mas também cedamos a folha para fazer nutrir.” /|\ Awen Hugo Llewellyn Maw Druida moderno, professor, historiador, escritor, palestrante, focalizador, militante, artesão e dedica-se ao estudo da história, mitologia, cultura e religiosidade, com ênfase aos povos celtas e tradicionais. Citação: "Nós somos a totalidade nove vezes." Nawfed Pwer www.novepoderes.blogspot.com Para ler os artigos de Hugo Llewellyn Mawr, clique aqui. |
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