Sugestão de Liturgia Ritual Druídica |
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Enviado em 27/09/2012 (3769 leituras) |
Muitas pessoas quando ingressam no Druidismo encontram uma certa dificuldade em relação a maneira “certa” ou mais druídica possível de realizar um ritual. Eu fui uma dessas pessoas. Lendo livros, sites sobre druidismo e cultura celta e conversando com pessoas que já trilhavam o caminho druídico há mais tempo, pude me basear e criar uma liturgia ritual druídica que funciona tanto em ritos individuais quanto grupais. Obviamente que é uma sugestão, e cada um que ler pode fazer suas alterações e adaptações, ainda mais porque vos será apresentado um “esqueleto”, com as etapas de uma celebração céltica, e aí cabe a sua inspiração e conhecimento criar o corpo e os detalhes. O intuito com esse texto sugerindo uma liturgia ritual céltica é justamente ajudar e inspirar a essas pessoas que encontram dificuldade em realizar ou elaborar um rito druídico, sem saber por onde e como começar e o que fazer. Novamente, essa é uma sugestão, não uma cartilha ou modelo a ser seguido. O mais importante não é fazer um rito pomposo, com falas e invocações extensas, seriedade exagerada etc. A leveza e o poder, a fluidez e a firmeza, a espontaneidade e a preparação prévia, devem estar juntas em um ritual para que ocorra a contento dos Deuses, dos espíritos e de nós mesmos. No mais, leia bastante, estude as culturas celtas e ouça sua intuição. Você saberá o que fazer. Etapas de uma celebração druídica: 1. Separe todos os objetos e materiais que serão necessários ao rito. 2. Prepare-se físico, emocional e espiritualmente para o momento. Esteja calmo, sereno, descansado e limpo. Prepare também o espaço onde será realizada a cerimônia. Organize o centro ou altar com os objetos sagrados. 3. Oferenda aos Forasteiros. Os forasteiros são energias e seres (visíveis ou não) que podem se apresentar hostis ao ritual e as pessoas. É necessário fazer uma oferenda, a ser feita depois de uma prece pedindo por paz e trégua a todos que são contrários ao seu caminho. A oferenda podem ser três moedas douradas (lançando-as para fora do espaço do ritual) ou uma libação na terra de vinho ou suco de uva. Feito isso, consulte um oráculo para saber se a oferenda foi aceita e se o ritual pode ser transcorrido em paz. 4. Explicação do ritual, sobre o que se trata os mitos e símbolos associados. 5. Concentração dos participantes. Faça alguma meditação/visualização. Sugiro a meditação da Árvore e em seguida a dos Três Mundos, estabelecendo assim a sua ligação com o eixo vertical (Céu-Terra/Acima-Abaixo) e horizontal (Mar-Terra-Céu), representada pelo símbolo da Cruz Celta. 5.1. Meditação da Árvore: Relaxe e comece a respirar lenta e profundamente. Imagine que abaixo de você, nos mundos inferiores, há um grande lago de energia negra e fria. É a fonte da intuição e da fertilidade. Imagine que você pode ver e sentir a energia se movendo. Agora imagine sobre você, no mundo celestial, que já um grande lago de energia dourada quente. É a fonte do intelecto e da ambição. Imagine que você pode ver e sentir a energia se movendo. Levante as suas mãos aos céus e imagine que você é a grande bile - o ponto de ligação entre o nosso mundo e os outros. Sinta estas duas energias começando a fluir através de você - a energia dourada através das suas folhas e ramos - a energia negra através das suas raízes. Elas se encontram e se unem no seu coração igual a uma espiral celta com dois braços. 5.2. Sintonia com os Três Mundos: Visualize a Terra, verde, pulsante, fértil, suas florestas, bosques, campos, colinas, cavernas profundas... Sinta a Terra sob os pés. Diga: A terra que me sustenta A terra em mim A terra que me rodeia, an Talamh. Visualize o Mar, em tons de azul e verde, ouvir o barulho das ondas, como se fosse uma respiração, a respiração de Manannan mac Lir, sentir a brisa marinha acariciando seu rosto, seu cabelo... Sinta-se mergulhando no Mar, em águas sagradas. Diga O mar que me cerca O mar em mim O mar que me rodeia, an Muir. Visualize o Céu, a luz do sol iluminando toda a extensão da terra, ver as nuvens, sinta o vento, veja a profusão de cores que pintam o céu... veja a lua, as estrelas, sinta-se banhado pelo luar e pela fresca e perfumada brisa da noite. Diga: O céu que me coroa O céu em mim O céu que me rodeia, an Neamh. 6. Consagração da água (da chuva, rio ou mineral). Em um recipiente com água diga ou mentalize palavras de poder, de cura e purificação. 7. Consagração do fogo. Acenda uma vela, fogueira ou chama proferindo uma oração ao fogo ou palavras de proteção e poder. 8. Circunde o local três vezes em sentido horário aspergindo a água e caminhando com uma chama acesa por esse fogo (uma vela), enquanto profere palavras de purificação, proteção e luz. 9. Chamando por Manannan Mac Lir. Peça ao Deus dos Mares e senhor das Ilhas Abençoadas que abra os portais do Outro Mundo, guiando-os e protegendo-os durante todo o rito. Faça uma oferenda a ele (exemplo: maçã, ou alimento feito com maçã, incenso). 10. Chamando pelas dádivas das quatro direções. Peça ao Oeste que lhe traga sabedoria, conhecimento, beleza, abundância. Ao Norte, coragem, força e proteção. Ao Leste, prosperidade, hospitalidade e dignidade. Ao Sul, inspiração, música e fertilidade. E ao Centro, honra, nobreza, firmeza, sabedoria e justiça. 11. Chamado e oferenda às Três Famílias: Ancestrais da Terra, Antepassados e Deuses. Ao final das oferendas, consulte um oráculo para saber se foram bem aceitas e caso sim, prossiga com o ritual. 12. Invocação aos Deuses da ocasião (deidades relacionadas ao festival celta, solstício ou equinócio). 13. Passagem da tradição. Momento para leitura de mitos e poemas relacionados ao festival. Apresentação de músicas e/ou canções, danças sagradas. Meditações relacionadas ao significado do ritual. Consulta a oráculos (Ogham, Runas, Tarot...). 14. Agradecimentos. Finalize o ritual agradecendo, voltando passo a passo até o ponto de partida. Agradeça aos Deuses da ocasião; às Três Famílias; às direções; aos Três Mundos; à Manannan Mac Lir, pedindo que os guie de volta a este mundo, fechando as brumas e o portal do Outro Mundo. 15. Encerramento. Declare a intenção de finalização do rito, agradeça aos participantes. Façam o terramento, que consiste no ato de todos se sentarem ou deitarem tocando o solo e buscando equilibrar suas energias, para que ninguém saia sobrecarregado ou deficiente de energia do ritual. 16. Confraternização: momento do banquete, danças, músicas e conversas são bem-vindas. Obs.: Esta liturgia é utilizada pelo Nemeton Samaúma e foi elaborada com base na liturgia ritual de Fine na Dairbre (PR), do grupo Ramo de Carvalho (SP), e na liturgia elaborada por Robert Kaucher (da extinta ODB). A invocação às direções é baseada no mito da Divisão das Terras de Tara (Suidigud Tellaig Temra), disponível no site “Keltia Brasil”. Por Mayra ní Brighid Sonhadora, amante de música, poesia, cultura e mitologia Celta. Nascida em terras amazônicas, na cidade à beira do rio (Belém), mas com a alma cuja raiz remonta as terras célticas, além-mar. Citação: "Druidismo, cultura celta e espiritualidade feminina." O EnCanto do Cisne http://encantodocisne.blogspot.com Para ler os artigos de Mayra ní Brighid, clique aqui. |
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