A Magia dos Deuses em cada Caminho

Enviado em 07/12/2009 (5595 leituras)

Atualmente, vejo uma certa tendência entre caminhos tão parecidos, tão próximos, tão válidos e ricos em espiritualidade começando uma rivalidade, e isto me deixa chocada, ao mesmo tempo que entristecida.

Qual a sua religião?

- Eu sigo a Tradição da Deusa. Sou Wicca. É o Druidismo. Sigo a Antiga Religião. É a Arte. Sou Bruxa. Sou Reconstrucionista Celta. Sigo a Espiritualidade da Deusa. O Sagrado Feminino. O Caminho da Deusa.

Todas estas respostas já dei quando me fazem a tal pergunta. Não porque não saiba qual a minha religião, mas sim porque ela abrange todas estas filosofias e provavelmente muito mais.

Ando vendo uma certa tendência entre caminhos tão parecidos, tão próximos, tão válidos e ricos em espiritualidade começando uma rivalidade, e isto me deixa chocada ao mesmo tempo que entristecida.

Dogmas, regras, criamos todos os dias para nós mesmos, para nossa vida.Se isto é “certo” ou “errado” eu não sei. O que penso é que querer encontrar um caminho espiritual sem dogmas ou preceitos é esperar muito do ser humano ainda extremamente neurótico, por mais evoluido que seja, ou possa parecer.

Não posso compactuar com o fato de que seguidores de caminhos espirituais tão massacrados, exorcizados e mal interpretados num passado não tão distante assim, queiram ditar regras ou se acusem mutuamente. Caminhos, torno a repetir, tão próximos, que têm como base as mesmas energias, os Deuses, a Natureza, a liberdade. Liberdade? Acho que ninguém sabe o que é isto.

Quando me coloco como seguidora do paganismo celta é porque sinto dentro de mim a maioria deles, muitos que para mim, e para mais alguns, são sinônimos, e todos têm um senão, um porém, como tudo na vida, como todos na vida.

Religião perfeita não existe. Ou melhor, existe, é aquela que é só sua, interna, pessoal, por mais que tenha o mesmo nome da de fulano, que pareça com a de beltrano. Para haver a verdadeira religião, isto é, o verdadeiro religare, é preciso sentir a espiritualidade de dentro e não de fora.

Nunca uma religião vai estar viva numa pessoa se ela for igual para todos. A religião, a espiritualidade, é algo extremamente pessoal. Vão haver muitos, inúmeros, pontos em comum com outras pessoas, mas cada um vai sentí-la de um jeito. Até as próprias regras, os próprios dogmas podem ser interpretados de maneiras diversas e pessoais, e até as não regras, os não dogmas, são vivenciados de maneiras distintas.

Talvez este seja o motivo principal para eu não pertencer a grupo nenhum. Não consigo colocar a minha espiritualidade em grupo. Muitas vezes celebro, confraternizo em coletividade, mas sinto que para a minha espiritualidade única e individual o melhor é ritualizar sozinha.

Bom, você pode dizer que os celtas faziam tudo em grupo, que a noção de clã era muito forte neles... E por aí vai com outros caminhos espirituais, nomes, filosofias, com as quais me identifico, mas não em tudo. E aí eu digo, não sigo as regras, sigo o que está aqui dentro, de minha alma, de meu coração, ou talvez mesmo apenas de minha personalidade, vá saber. Mesmo assim não está “certo”, nem “errado”. É “apenas” a minha espiritualidade, como eu sinto o divino, como comungo com o divino.

Há outra coisa também muito importante: o tempo de cada um. Quando ingressei nestes caminhos há cinco anos, precisei passar por muitas coisas, isto é, aprender muitas coisas que agora acho obsoletas.

Hoje, já as interpreto de outra maneira e provavelmente daqui a alguns anos as interpretarei de outra forma, tudo de acordo com minha experiência pessoal e evolução. O que quero dizer com isto é que há uma razão para tudo. Que todos os caminhos têm seus graus de evolução e não cabe a nós julgá-los, ou combatê-los, principalmente se não seguimos estes caminhos e se estes caminhos têm pontos tão em comum com os nossos.

Então, me permitam uma sugestão: vivenciemos a magia dos Deuses em cada Caminho, com a felicidade de termos liberdade para isto.

Por Anna de Leão
Escritora, druidista, dançarina, professora de dança e técnicas corporais.

Citação:
"A inspiração é como um sussurro em nossos ouvidos."
Anna de Leão
www.annaleao.com.br

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