A Ponte e o Espelho |
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Enviado em 09/01/2010 (6688 leituras) |
"Andarilhos entre os Mundos". Assim eram conhecidos os Druidas nos tempos antigos, provar do agridoce sabor das experiências espirituais e buscar a Inspiração onde os olhos da carne não alcançam. Tarefas tão facilmente negadas por quem procura a comodidade, paz e sossego! Porém, se sabia que a comunidade necessitava de algo mais do que os conselhos convencionais e a "medicina trivial", era preciso caminhar entre os mundos para colher as flores e os frutos das Árvores que brotavam na Terra prometida e da Terra proibida, correr os perigos que nenhum outro poderia correr. Isto é buscar a verdadeira sinergia, a essência vívida da Alma, o verdadeiro herói não oculta o seu medo, como um mero mortal feito do mesmo barro sabe ser. O medo nos adverte da "fresta" por onde sai o facho cortante da Luz fervente que nos derreteria como gelo ou que pode nos cegar e nos impedir de alcançar o objetivo final, se não o mesmo medo? Assim trilhamos nossos caminhos arenosos, com o vento a soprar em nossos cabelos, sentindo o Sol queimando nossa pele e passando pelas fontes e nascentes, sendo levados pela Água corrente dos acontecimentos, como se a vida nos fosse dada como fardo. Caminhar entre os mundos é absorver o conhecimento oculto no doce e cortante som do Vento, sob o manto sussurrante das aveludadas estrelas, e tê-las como único alento. É sentir o perfume secreto que exala dos cabelos da Alva Lua, é "caminhar" com as asas de um beija-flor na ansiosa sede do doce e líquido néctar. E acima de tudo, é perceber que os portais da imortalidade estão abaixo e acima, à esquerda e à direita de cada um de nós. Então, seriam os espelhos estes portais? Mostrando-nos quem, realmente, somos por mais dolorosa que possa parecer e se deparar com o que se vê neles. Espelhos são muito usados em filmes, livros e contos como portais de passagem para outros mundos e acreditar que ele seja mesmo um reflexo de nossos desejos mais ocultos, ternos ou obscuros... Escondidos e trancafiados, que nos diria quem somos e de onde viemos e quem sabe até, para onde vamos. Mas nesta dança das sombras subliminar estaríamos presos dentro deste espelho por não sermos capazes de nutrir ou manter o que foi descoberto? "Construtores de Pontes". Assim também eram conhecidos os mesmos Druidas que caminhavam entre os mundos, eram os pilares de sustentação que ao primeiro sinal de declínio, se inclinavam para fazer o contrapeso necessário para que o equilíbrio se restabelecesse. Construir Pontes entre pessoas seria o mais injusto e ingrato dos afazeres, pois a discórdia e a prepotência sempre reinaram desde o início dos tempos, disputa, guerra, por comida, por território, por honra, por dinheiro. Enfim, o que se construía além de castelos de sal? E o que se constrói hoje além desses castelos de sal? Os tempos foram se tornando escassos e ligeiros, como o vento que sopra, mas como uma canção sem nota. Os filhos do chamado sussurrante se tornaram surdos e insensíveis, a Mãe chama pela Alma, como o pássaro apanhando o grão, como a aranha tecendo a teia, que mil faces têm e mil nomes também! Mas eis que em tempos de terrível tormenta se ouve o bradar da compreensão, seria a voz dos Elfos, das Fadas, dos Elementais que tomam formas inesperadas, apenas para serem ouvidas? Seria o pranto da derrota inevitável que assovia seu próprio derradeiro? Em tempos de confusos espelhos, de bifurcadas pontes será possível haver comunhão? Parece despertar algo que não se esperava, a mão branca da Paz se faz ao longe na neblina e quando se afasta Avalon se apresenta. Mas quem é digno de colher uma de suas curadoras maçãs, quem não se amedronta diante da macieira após saber sobre o conto da Serpente da sabedoria e do pecado? Se aventurar seria abraçar a morte, sem temer este abraço, mergulhar no útero da Terra onde descansa a semente e repousa a esperança renovada e talvez, não mais cega pela espiritualidade subserviente, clamaremos por essa temida sabedoria. Espelhos e Pontes... Portais e laços! "Eu caminho entre os mundos com os pés descalços, para sentir se a Terra sob mim está livre, se respira o mesmo ar que eu, para ouvir o calado canto que ela exala. Eu construo Pontes entre o que não se parece ou se gosta, por que o verdadeiro equilíbrio está na diversidade de simplesmente ser. Eu sou um Druida por que o meu caminho se fez assim, pois na bifurcação da indagação, soube quem eu era de verdade e busquei na Ponte de Espelhos, minha verdadeira essência vital, a minha ancestralidade." Bênçãos Verdes e AWEN a todos /l\ Por Ëldrich Hazel Ybyrapytã Caminhante que busca o despertar da consciência através da meditação e da compaixão. Citação: "Somos todos folhas da mesma Árvore." Ëldrich, filho da Aveleira http://eldrichazel.blogspot.com Para ler os artigos de Ëldrich Hazel Ybyrapytã, clique aqui. |
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