Tuatha Dé Danann e a Batalha de Moytura

Enviado em 27/04/2011 (7300 leituras)

Declarada formalmente a guerra houve o envio de emissários de cada parte para acertarem os detalhes das batalhas que iriam ocorrer, definindo o local onde se desenvolveriam os combates e entrando mesmo em acordo de quanto tempo seria necessário para serem feitos os preparativos de forma que uma ´´guerra justa´´ se sucedesse entre os Fomorianos e Tuatha Dé Danann. Tudo no melhor estilo de embate cavaleiresco em que mais do que vencer era de suma importância fazer tal coisa com honra e dignidade, onde cada lado demonstraria seu valor tanto como guerreiro quanto de homem.

Ao final, como veremos, ´´as boas maneiras´´ foram deixadas de lado tanto por Fomorianos quanto as Tuatha Dé Danann e no lugar o que se viu foi o equivalente céltico, na sua mitologia, de um ´´Armagedon ´´ em que poucos restaram de pé e quase tudo foi destruído. De toda maneira entre este cenário apocalíptico e a declaração de guerra se passou praticamente um ano, o tempo de ´´espera´´que foi celebrado entre as lideranças dos dois povos, finalizando o prazo derradeiro, justamente, no dia de Samhain.

Quando os primeiros raios do sol de uma manhã de céu nublado despontavam no horizonte bem mais do que o anúncio da chegada de um novo dia era revelado, podendo ser visto ao longe entre as brumas o mar coberto de navios até onde a visão podia alcançar.

Em pouco tempo, tal como uma gigantesca onda que quebra na praia, sucedeu um tão silencioso quanto rápido desembarque das tropas vindas destes navios que com igual prontidão seguiram sem deter o passo em direção a Tara, a capital do reino das Tuatha Dé Danann na ilha de Erin. Eram os Fomorianos que estavam chegando cerca de 03 dias antes do prazo celebrado para ocorrerem as batalhas.

Bress seguia à frente deste gigantesco exército, montado em um corcel negro e ostentando uma armadura de ossos onde se via um crânio servir-lhe de elmo e uma enorme espada sendo erguida em punho pela mão esquerda. Atrás dele guerreiros armados até os dentes com feições furiosas com os rosto todo coberto de breu, seguiam bem de perto à pé, marchando em um só ritmo compassado.

Contam as lendas que se seguiram a esta batalha que a marca dos Fomorianos levantou tamanha poeira que chegou ao ponto do sol ficar ocultado com o dia virando noite, vindo o chão a ceder em rachaduras como ocorresse um terremoto. Ao longe parecia que uma enorme serpente negra tinha saído do mar e se arrastava em direção a Tara para varrê-la do mapa.

Os primeiros combates, porém, se darem umas poucas léguas dos portões de Tara. Ironicamente, bem próximo onde tempos antes tinham os Dananianos lutado contra os Fir Bolgs e tomado Erin de seus domínios, a saber, em Connaught só que na planície de Moytura Setentrional. Fazendo mesmo esta guerra ser reconhecida como ´´A Segunda Batalha de Moytura´´.

Logo no primeiro combate os Fomorianos foram vitoriosos, face sua superioridade numérica a um grupo de meros batedores que ali estava para fazer vigilância e guarda nas cercanias de Tara para, justamente, evitar um ataque surpresa ao coração do reino Dananianos. Apesar de vencidos, o som dos combates foi suficiente para alertar as Tuatha Dé Danann e despertá-los do sono em tempo suficiente para ficarem preparados para chegada das tropas Fomorianas.

O que se viu a seguir foi uma violência nunca vista, com lanças, espadas e escudos batendo com tanta força que pareciam soar como o estrondo de trovões que podiam ser ouvidos bem ao longe, reluzindo o aço à luz do Sol com tamanha força que gerava uma aparência espectral assustadora aos guerreiros, sem falar que as lutas eram travadas com tamanho contato físico que as mãos, cabeças e pés daqueles de cada lado estavam tocando as mãos, cabeças e pés daqueles do outro lado, formando uma massa quase homogênea de carne.

Com o custo de muitas vidas ao final de tudo saem vitoriosos as Tuatha Dé Danann, expulsando de vez os Fomorianos para nunca mais voltarem e com uma cena épica espetacular de Morrighan proclamando vitória, gritando do cume das montanhas mais altas da Irlanda.

Entretanto, a alegria que se fez durou pouco, pois ela teve uma visão profética na qual previa o fim iminente da era divina das Tuatha Dé Danann e o inicio de um tempo de miséria sem fim, com homens sem força, velhos sem a sabedoria da idade e jovens sem respeito pelas tradições.

Uma era de injustiça, líderes cruéis, traição e sem nenhuma virtude!

Esta era a chegada da "Era dos Homens", do nosso mundo, com a vinda dos Milesianos, mas esta é uma outra história; bem como as lendas que giram ao redor dos heróis do próximo ciclo, o Ramo Vermelho.

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Por Ioldanach
Ioldanach se define como auto-didata e celtista amador que tem como linha de pesquisa tratar o assunto de maneira objetiva e da forma mais científica possível.

Citação:
"Sou um celtista aficionado a cultura celta."
Canal Celta
www.worldceltic.blogspot.com

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