Símbolos Celtas - 1ª parte
Publicado por Rowena em 06/1/2009 (325526 leituras)
Os sÃmbolos são emblemas, sinais ou figuras que naturalmente evocam uma aura de mistério e magia. Muitos dos sÃmbolos que hoje conhecemos, são traduções de sinais perdidos no tempo, muitas vezes baseados em suposições e analogias.
Apesar de todas as descobertas de arqueólogos e antropólogos, ainda é difÃcil saber realmente a diferença entre o fato e a ficção.
Os sÃmbolos, assim como quase toda a cultura celta, eram sagrados e por isso, transmitidos através de rituais, contos, mitos, lendas, músicas e danças, mas jamais pela palavra escrita.
Alguns registros escritos remanescentes destes povos que, culturalmente conhecemos como Celtas, são muito escassos e, na sua maioria, descritos por gregos e romanos durante a ascensão do Império Romano ou por monges copistas da Idade Média. Portanto, observemos os sÃmbolos celtas de forma simples, seguindo apenas a verdade e a intuição de nossos corações.
Espirais Celtas
As espirais celtas são encontradas em vários artefatos e construções antigas, o seu significado reside na beleza e na simplicidade dos seus traços. Geralmente, representam o equilÃbrio do universo dentro de nós, ou seja, o equilÃbrio espiritual interior e a percepção exterior.
Elas formam um padrão que começa pelo centro e se deslocam para fora ou para dentro, conforme a sua configuração. Esses movimentos podem ser observados de forma figurada no sentido horário ou anti-horário.
As espirais com movimentos no sentido horário estão associadas ao Sol e a harmonia com a Terra ou movimentos que representam à expansão e à atração, em relação ao centro.
Por outro lado, as espirais com movimentos no sentido anti-horário estão associadas à manipulação dos elementos da natureza e aos encantamentos que visam à interiorização e à transmutação de energias, assim como a proteção.
Lembrando que entre os celtas, conforme os textos clássicos, mover-se em torno de um objeto em sentido anti-horário era considerado como mau agouro.
Os antigos túmulos megalÃticos de Newgrange, Knowth, Dowth, Fourknocks, Loughcrew e Tara, na Irlanda, são exemplos maravilhosos de espirais, anterior aos celtas, conhecidos como "As Espirais da Vida" e que representam, de um modo geral, o ciclo da vida, da morte e do renascimento.
As espirais da vida são belas representações da eternidade da alma!
Triskelion ou Triskel
O Triskelion é considerado um antigo sÃmbolo indo-europeu, palavra de origem grega, que literalmente significa "três pernas" e, de fato, este sÃmbolo nos lembra três pernas correndo ou três pontas curvadas, uma referência ao movimento da vida e do universo. Na cultura celta, especificamente na tradição irlandesa é dedicado comumente à Manannán Mac Lir, o Senhor dos Portais entre os Mundos.
Tudo indica que o número três era considerado sagrado pelos celtas, reforçando o conceito da triplicidade e da cosmologia celta de: Submundo, Mundo Intermediário e Mundo Superior.
O triskelion também é conhecido por triskle ou triskele, trÃscele, triskel, threefold ou espiral tripla, e possui dois grandes aspectos principais de simbolismo implÃcitos em sua representação, que são:
- Simbologia ligada ao constante movimento de ir e vir, representando: a ação, o progresso, a criação e os ciclos de crescimento.
- Simbologia das representações da triplicidade: Corpo, Mente e EspÃrito; Passado, Presente e Futuro; Primavera, Verão e Inverno. Os ciclos de transformação.
Os nós celtas são variantes entrelaçadas de sÃmbolos do mundo pré-céltico, germânico e céltico.
Representação dos Três Reinos
O número três nos liga aos reinos do Céu, da Terra e do Mar – locais onde há a existência de vida. Reinos que compunham todo o mundo celta – e por sua vez, formavam os Três Reinos, vistos da seguinte forma:
- O Céu que está sobre nossa cabeça e nos oferece o Sol, a Lua, as estrelas e as chuvas que fertilizam a terra. Representa a luz, o calor, a inspiração (o fogo na cabeça) e os Deuses da criação.
- A Terra que está sob nossos pés e nos dá o alimento, nos abriga e faz tudo crescer - sustenta as raÃzes fortes das árvores. Representa o solo, os campos verdes, as florestas e os EspÃritos da Natureza.
- O Mar que está em nós, é a água que sacia a sede e nos dá a vida - sem a água tudo perece e morre. Representa o Portal para o Outro Mundo, os seres feéricos, o mar e os Ancestrais.
Sendo os reinos interdependentes, onde cada um possui seu significado próprio, mas que ao mesmo tempo dependem um do outro para continuar existindo, permitido assim, que o nosso mundo também exista em perfeita interação.
Essa cosmologia não-dualista é bem diferente dos quatros elementos da visão grega, pois os celtas viam tudo na forma de trÃades. E o fogo é a alma que caminha entre os reinos. Além disso, cada reino era relacionado a um grande caldeirão sustentado por três pernas, que por sua vez, possuÃam três atributos diferentes.
Apesar de não haver um mito de criação como outras culturas indo-europeias, por analogia supomos que havia entre eles a ideia dos Três Mundos, descritos como:
- O Mundo Celestial: onde as energias cósmicas como o Sol, a Lua e as estrelas brilham. Associado aos Deuses da criação.
- O Mundo Intermediário: onde nós e a natureza vivemos. Associado aos EspÃritos da Natureza ou terra.
- O Submundo: onde os Ancestrais e os seres feéricos ou o SÃdhe vivem. Associado ao Outro Mundo.
Entretanto, as três pontas do triskelion eram associadas aos Três Reinos ou aos Três Mundos e ao fluxo das estações. E, numa versão moderna, às três fases da Lua vistas no céu: Crescente, Cheia e Minguante.
Com as mesmas caracterÃsticas observadas nas espirais, seu movimento a partir do centro, pode ser descrito como no sentido horário ou anti-horário. Simbolicamente, o sentido horário: representa a expansão e crescimento e o sentido anti-horário: a proteção e o recolhimento.
"Tendo em consideração o número três, sÃmbolo sagrado dos Celtas, o qual tanto se apresenta com a forma de trÃade como de triskel, a tripla espiral que, girando à volta de um ponto central, simboliza por excelência o universo em expansão." Jean Markale - A Grande Epopeia dos Celtas.
Portanto, de um modo geral estes sÃmbolos estão relacionados ao crescimento pessoal, ao desenvolvimento humano, a expansão da consciência e o fluir da vida, o centro do nosso bosque sagrado. Aos poucos vamos adentrando nos enigmas que envolvem essa iconografia incrÃvel.
Que assim seja... Bênçãos plenas!
Referências bibliográficas:
BELLINGHAM, David. Introdução à Mitologia Céltica. Lisboa: Ed. Estampa, 1999.
GREEN, Miranda Jane Aldhouse. Celtic Myths. London: University of Texas Press, 1995.
___________. Exploring the World of the Druids. London: Thames and Hudson, 1997.
MARKALE, Jean. A Grande Epopéia dos Celtas. SP: Ed. Ésquilo, 1994.
MACCULLOCH, John Arnott. The Religion of the Ancient Celts. Edinburgh: T. & T. CLARK, 1911.
MAY, Pedro Pablo. Os Mitos Celtas. São Paulo: Ed. Angra, 2002.
PLACE, Robin. Os Celtas. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1989.
Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo.
Website:
www.templodeavalon.com
Brumas do Tempo:
www.brumasdotempo.blogspot.com
Três Reinos Celtas:
www.tresreinosceltas.blogspot.com
Apesar de todas as descobertas de arqueólogos e antropólogos, ainda é difÃcil saber realmente a diferença entre o fato e a ficção.
Os sÃmbolos, assim como quase toda a cultura celta, eram sagrados e por isso, transmitidos através de rituais, contos, mitos, lendas, músicas e danças, mas jamais pela palavra escrita.
Alguns registros escritos remanescentes destes povos que, culturalmente conhecemos como Celtas, são muito escassos e, na sua maioria, descritos por gregos e romanos durante a ascensão do Império Romano ou por monges copistas da Idade Média. Portanto, observemos os sÃmbolos celtas de forma simples, seguindo apenas a verdade e a intuição de nossos corações.
Espirais Celtas
As espirais celtas são encontradas em vários artefatos e construções antigas, o seu significado reside na beleza e na simplicidade dos seus traços. Geralmente, representam o equilÃbrio do universo dentro de nós, ou seja, o equilÃbrio espiritual interior e a percepção exterior.
Elas formam um padrão que começa pelo centro e se deslocam para fora ou para dentro, conforme a sua configuração. Esses movimentos podem ser observados de forma figurada no sentido horário ou anti-horário.
As espirais com movimentos no sentido horário estão associadas ao Sol e a harmonia com a Terra ou movimentos que representam à expansão e à atração, em relação ao centro.
Por outro lado, as espirais com movimentos no sentido anti-horário estão associadas à manipulação dos elementos da natureza e aos encantamentos que visam à interiorização e à transmutação de energias, assim como a proteção.
Lembrando que entre os celtas, conforme os textos clássicos, mover-se em torno de um objeto em sentido anti-horário era considerado como mau agouro.
Os antigos túmulos megalÃticos de Newgrange, Knowth, Dowth, Fourknocks, Loughcrew e Tara, na Irlanda, são exemplos maravilhosos de espirais, anterior aos celtas, conhecidos como "As Espirais da Vida" e que representam, de um modo geral, o ciclo da vida, da morte e do renascimento.
As espirais da vida são belas representações da eternidade da alma!
Triskelion ou Triskel
O Triskelion é considerado um antigo sÃmbolo indo-europeu, palavra de origem grega, que literalmente significa "três pernas" e, de fato, este sÃmbolo nos lembra três pernas correndo ou três pontas curvadas, uma referência ao movimento da vida e do universo. Na cultura celta, especificamente na tradição irlandesa é dedicado comumente à Manannán Mac Lir, o Senhor dos Portais entre os Mundos.
Tudo indica que o número três era considerado sagrado pelos celtas, reforçando o conceito da triplicidade e da cosmologia celta de: Submundo, Mundo Intermediário e Mundo Superior.
O triskelion também é conhecido por triskle ou triskele, trÃscele, triskel, threefold ou espiral tripla, e possui dois grandes aspectos principais de simbolismo implÃcitos em sua representação, que são:
- Simbologia ligada ao constante movimento de ir e vir, representando: a ação, o progresso, a criação e os ciclos de crescimento.
- Simbologia das representações da triplicidade: Corpo, Mente e EspÃrito; Passado, Presente e Futuro; Primavera, Verão e Inverno. Os ciclos de transformação.
Os nós celtas são variantes entrelaçadas de sÃmbolos do mundo pré-céltico, germânico e céltico.
Representação dos Três Reinos
O número três nos liga aos reinos do Céu, da Terra e do Mar – locais onde há a existência de vida. Reinos que compunham todo o mundo celta – e por sua vez, formavam os Três Reinos, vistos da seguinte forma:
- O Céu que está sobre nossa cabeça e nos oferece o Sol, a Lua, as estrelas e as chuvas que fertilizam a terra. Representa a luz, o calor, a inspiração (o fogo na cabeça) e os Deuses da criação.
- A Terra que está sob nossos pés e nos dá o alimento, nos abriga e faz tudo crescer - sustenta as raÃzes fortes das árvores. Representa o solo, os campos verdes, as florestas e os EspÃritos da Natureza.
- O Mar que está em nós, é a água que sacia a sede e nos dá a vida - sem a água tudo perece e morre. Representa o Portal para o Outro Mundo, os seres feéricos, o mar e os Ancestrais.
Sendo os reinos interdependentes, onde cada um possui seu significado próprio, mas que ao mesmo tempo dependem um do outro para continuar existindo, permitido assim, que o nosso mundo também exista em perfeita interação.
Essa cosmologia não-dualista é bem diferente dos quatros elementos da visão grega, pois os celtas viam tudo na forma de trÃades. E o fogo é a alma que caminha entre os reinos. Além disso, cada reino era relacionado a um grande caldeirão sustentado por três pernas, que por sua vez, possuÃam três atributos diferentes.
Apesar de não haver um mito de criação como outras culturas indo-europeias, por analogia supomos que havia entre eles a ideia dos Três Mundos, descritos como:
- O Mundo Celestial: onde as energias cósmicas como o Sol, a Lua e as estrelas brilham. Associado aos Deuses da criação.
- O Mundo Intermediário: onde nós e a natureza vivemos. Associado aos EspÃritos da Natureza ou terra.
- O Submundo: onde os Ancestrais e os seres feéricos ou o SÃdhe vivem. Associado ao Outro Mundo.
Entretanto, as três pontas do triskelion eram associadas aos Três Reinos ou aos Três Mundos e ao fluxo das estações. E, numa versão moderna, às três fases da Lua vistas no céu: Crescente, Cheia e Minguante.
Com as mesmas caracterÃsticas observadas nas espirais, seu movimento a partir do centro, pode ser descrito como no sentido horário ou anti-horário. Simbolicamente, o sentido horário: representa a expansão e crescimento e o sentido anti-horário: a proteção e o recolhimento.
"Tendo em consideração o número três, sÃmbolo sagrado dos Celtas, o qual tanto se apresenta com a forma de trÃade como de triskel, a tripla espiral que, girando à volta de um ponto central, simboliza por excelência o universo em expansão." Jean Markale - A Grande Epopeia dos Celtas.
Portanto, de um modo geral estes sÃmbolos estão relacionados ao crescimento pessoal, ao desenvolvimento humano, a expansão da consciência e o fluir da vida, o centro do nosso bosque sagrado. Aos poucos vamos adentrando nos enigmas que envolvem essa iconografia incrÃvel.
Que assim seja... Bênçãos plenas!
Referências bibliográficas:
BELLINGHAM, David. Introdução à Mitologia Céltica. Lisboa: Ed. Estampa, 1999.
GREEN, Miranda Jane Aldhouse. Celtic Myths. London: University of Texas Press, 1995.
___________. Exploring the World of the Druids. London: Thames and Hudson, 1997.
MARKALE, Jean. A Grande Epopéia dos Celtas. SP: Ed. Ésquilo, 1994.
MACCULLOCH, John Arnott. The Religion of the Ancient Celts. Edinburgh: T. & T. CLARK, 1911.
MAY, Pedro Pablo. Os Mitos Celtas. São Paulo: Ed. Angra, 2002.
PLACE, Robin. Os Celtas. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1989.
Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo.
Website:
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Brumas do Tempo:
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Três Reinos Celtas:
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